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De Ouro Preto Ao Paraguai


De Ouro Preto Ao Paraguai
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De Ouro Preto Ao Paraguai


De Ouro Preto Ao Paraguai
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Author : Antônio Claret Soares Sabioni
language : pt-BR
Publisher:
Release Date : 2019

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Guerra Sem Fim


Guerra Sem Fim
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Author : Mário Maestri
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2020-01-30

Guerra Sem Fim written by Mário Maestri and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2020-01-30 with Political Science categories.


Com este quarto volume, Guerra Sem Fim: A Tríplice Aliança contra o Paraguai: a campanha defensiva: 1866-1870, encerramos nossa leitura geral da grande guerra da bacia do Rio da Prata, que iniciamos em 2008. Em 2015, publicamos, em português, o primeiro dos quatro volumes, Paraguai: a república camponesa, traduzida para o espanhol em 2017. Nele, apresentamos estudo sumário da formação social e política do Paraguai, um tema em geral ignorado ou tratado superficialmente mesmo pela historiografia especializada no conflito de 1864-70, com destaque para a brasileira. Pontificou-se e pontifica-se sobre a guerra contra o Paraguai sem se preocupar em conhecer o Paraguai. Nesse trabalho, destacamos o caráter camponês dominante da sociedade paraguaia pré-1865 e a revolução nacional concluída e consolidada na Era Francista [1813-1840]. A nosso entender, elementos imprescindíveis para o correto entendimento da singular resistência paraguaia, devido ao caráter de guerra camponesa que assumiu a campanha defensiva, em 1866-70. Em 2016, o livro foi traduzido em espanhol e publicado em Asunción, devido à recomendação de colegas paraguaios que o haviam lido. Confesso que nos surpreendeu positivamente a boa acolhida que o ensaio recebeu. Em 2016, publicamos também em português Mar del Plata: domínio e autonomia na América do Sul: Argentina, Brasil, Uruguai (1810-1864), traduzido em espanhol e publicado no Paraguai em 2018. Nesse volume, abordamos sinteticamente as formações político-sociais da Argentina, do Uruguai e do Império do Brasil, melhor conhecidas pelos estudiosos da Guerra Grande, mas acreditamos em geral integradas em maneira limitada e sumária aos sucessos de 1864-1870. No libro, destacamos o confronto entre o federalismo e o liberal-unitarismo argentinos na Bacia do Prata. Apresentamos a derrota artiguista de 1820; a vitória do unitarismo liberal de Buenos Aires, em 1861, na batalha de Pavón; a ofensiva liberal-mitrista contra a autonomia oriental, em 1863, como contra-revoluções liberal-conservadoras no Cone Sul. Vitoriosas, elas tinham como último obstáculo o Estado nacional paraguaio. No Império do Brasil, a vaga liberal-conservadora se vergou em forma precoce devido à enorme fragilidade das classes pobres e livres naquela formação social escravista. O terceiro volume, Guerra Sem Fim: A Tríplice Aliança contra o Paraguai: a campanha ofensiva: 1865-1866, foi apresentado, em português e espanhol, em 2017. Nele, entre outras questões, discutimos os motivos da origem e do desenvolvimento da operação ofensiva paraguaia, quando da invasão das províncias de Mato Grosso, de Corrientes e do Rio Grande do Sul. Enfatizamos a mobilização precoce do país mediterrâneo contra a intervenção liberal-mitrista na República Oriental do Uruguai, em 1863-4, através de Venancio Flores. Intervenção que, se vitoriosa, colocaria sob controle portenho a bacia do Rio da Prata e a exteriorização do comércio exterior paraguaio, base da Ordem Lopista [1842-1870] e da tendência à restauração social em favor dos grandes proprietários paraguaios, que haviam sido reprimidos na Era Francista [1813-1840]. A decisão de declarar guerra à Argentina, que levaria a uma provável vitória paraguaia, resultou em um imprevisto confronto contra o poderoso Império do Brasil, que buscava conquistar a hegemonia regional no Prata e exigia a posse plena de todos os territórios em disputa com o Paraguai, ricos em erva-mate, nas regiões do rio Apa. A radiografia da formação social e política paraguaia, realizada em Paraguai: a República camponesa, registrava as possibilidades reais daquele país, de economia predominantemente agrária e de forte coesão nacional, de enfrentar e vencer um conflito contra a Argentina liberal-unitária, então sob fortes tensões internas. Revelava, igualmente, situação demográfica, econômica, etc. que inviabilizava um confronto geral com o imenso Império do Brasil, ainda mais em aliança com a Argentina e com o apoio do Uruguai florista. Realidade ocultada no início do conflito pela fácil vitória paraguaia no sul da província de Mato Grosso, nascida da debandada geral dos oficiais imperiais diante do inimigo e da falta de preocupação das classes proprietárias no norte da província com aqueles territórios meridionais distantes. A derrota paraguaia na batalha fluvial de Riachuelo, em 11 de junho de 1865, uma das tantas aventuras militares empreendidas pelo alto comando sob às ordens de Francisco Solano López, assim como a rendição sem luta na cidade de Uruguaiana, em 18 de setembro do mesmo ano, expressaram a enorme fragilidade material do Paraguai, incapaz de enfrentar um conflito de tamanha dimensão, ainda mais em territórios distantes. É um mito grosseiro a proposta da precoce e desenvolvida industrialização do Paraguai. A conclusão desastrosa da campanha ofensiva registrou também a natureza impopular de um conflito querido pelo governo lopista e abraçado no geral pelas classes dominantes do país, mas incompreensível - e impopular- às tropas, sobretudo de origem camponesa. *** O presente quarto e último volume, Guerra sem fim: A Tríplice Aliança contra o Paraguai: a campanha defensiva: 1866-1870 foi concluído e prontamente traduzido e publicado em Asunción, em 2018. Apenas agora, em 2020, é apresentado em português, o que nos fala da importância dada ao tema no Brasil. Em 2020, se concluirá o sesquicentenário do imenso embate possivelmente sem um grande evento acadêmico que o registre e avance o seu conhecimento. O fracasso das esperadas e em alguns casos previstas celebrações seguiu-se à evolução política liberal-conservadora no Paraguai, Argentina e, finalmente, Brasil. Os novos ares democráticos na Argentina chegaram um pouco atrasada. O presente livro tem como principal nexo analítico a compreensão da natureza diversa das duas campanhas - ofensiva e defensiva-, em geral abordadas pelas historiografias brasileira, argentina uruguaia e paraguaia como dois grandes momentos de conflito quase em tudo homogêneo, iniciado em 12 de outubro de 1864, com a invasão dos exércitos imperiais da República do Uruguai e concluído em Cerro Corá, no norte do Paraguai, em 1º de março de 1870, com a morte do mariscal-presidente. A campanha ofensiva” foi travada com o núcleo das tropas profissionais do exército nacional paraguaio, que retornou ao país, no final de 1865, dizimado pelos combates, pela rendição em Uruguaiana, pelas doenças que atingiram as tropas fora e dentro do país. Como assinalado, a expedição ao exterior foi no geral apoiada pelas classes proprietárias favoráveis à exteriorização da economia paraguaia [exportações]. Ao contrário, ela não interessava às massas rurais que viviam economia semi-natural e tinham sua produção artesanal agredida pelas importações de manufaturados sobretudo ingleses desde o rio da Plata, mais baratos. Ao contrário, a campanha defensiva foi travada essencialmente pela população plebeia, com ênfase nas classes camponesas, conscientes de que, lutando pela defesa da autonomia nacional, diante de invasão de corte imperialista e colonizadora, defendiam tudo o que haviam conquistado, especialmente no período franquista [1813-1840] e que ainda não havia sido questionado na Era Lopista [1842-1870]. A imprensa de guerra paraguaia de 1867, cada vez mais escrita em guarani paraguaio, registrou a metamorfose social das tropas mobilizadas contra os invasores. As classes camponesas eram monolingues [guarani paraguaio] e as classes proprietárias bilingues [espanhol e guarani]. A compreensão da modificação do caráter social do conflito, ocorrido quando da “campanha defensiva”, permite uma compreensão mais precisa de tantos fatos, superando visões ideológicas tradicionais. Entre eles, a repressão iniciada no campo de San Fernando em junho de 1868. Permite entender aqueles sucessos como uma resposta à mobilização, em favor da rendição, das classes proprietárias paraguaias e de comerciantes estrangeiros residentes no país. A defecção dos segmentos ricos do Paraguai deixou a resistência literalmente nas mãos das classes camponesas e plebéias, que tinham muito a perder -e perderam efetivamente a autonomia e a terra- com a vitória aliancista. Elas apoiaram em forma maciça o uso do terror contra os segmentos ricos do país. *** Jamais foi nossa intenção produzir uma história militar do conflito, no sentido estrito do termo. Ela já foi realizada, com singular perfeição, por autores com condições para tal, com destaque para o general brasileiro Augusto Tasso Fragoso [1869-1945] e o coronel argentino Juan Beverina [1877-1943]. Sobretudo, procuramos analisar, em um sentido amplo, as realidades sociais, econômicas, políticas, demográficas, etc. que comandaram e determinaram a guerra e o combate. Isso desde a ótica de todas as populações subalternizadas envolvidas no conflito, que não conheciam qualquer contradição fundamental, e dos direitos das nações a terem sua independência nacional respeitada. Acreditamos que, para além dos objetivos particulares das classes dominantes, a guerra foi prejudicial a todas as classes populares, tem curto, médio e longo prazo, com enorme destaque para os sofrimentos da população e para a agressão sofrida pela nação paraguaia. Em nossa leitura dos sucessos analisados, abordamos alguns aspectos pouco discutidos, como as razões da deserção de fato do alto comando da marinha imperial, com o apoio dos oficiais superiores, que resistiu sempre a se envolver a fundo no conflito. Esse foi certamente o maior fiasco das tropas aliancistas no conflito, responsável por seu prolongamento. Também tentamos destacar a dificuldade dos membros da Tríplice Aliança em concluir mais rapidamente a querra contra o pequeno país mais rapidamente, devido à natureza pré-moderna de suas sociedades e à deserção de fato das classes populares da Argentina e do Brasil de uma guerra nunca vista como sua. Enfatizamos, ao contrário, o caráter nacional da formação social paraguaia, forjado na Era Francista. Nesse sentido, apesar de sua pobreza material, o Paraguai de então era, de um ponto de vista social, a nação mais moderna da América do Sul. Enfatizamos nos quatro volumes o caráter indiscutivelmente imperialista da guerra, no sentido do termo proposto pelo historiador brasileiro Moniz Bandeira. Fenômeno circunscrito em forma inquestionável pela rejeição da proposta paraguaia de paz, com reparações, em Yataity-Corá, em 12 de setembro de 1866, e pela perseguição sem quartel a Solano López, a quem nunca foi oferecida uma real possibilidade de rendição. Cremos que a morte do marechal em combate era a única solução que se enquadrava aos objetivos de reduzir o Paraguai a um estado semi-colonial, dependente dos Estados imperiais e liberais-argentinos. *** Nos quatro volumes indicados e em múltiplos artigos acadêmicos e jornalísticos, sempre fomos guiados pela vontade de contribuir para uma melhor compreensão essencial da grande guerra da bacia do Prata. São ingênuas, risíveis ou demagógicas as pretensões de redação de uma história completa ou conclusiva, ainda mais sobre acontecimentos de tamanha dimensão, não apenas temporal e espacial. A historiografia é uma construção em aberto, em construção permanente, na busca constante de uma maior e mais perfeita aproximação tendencial à essência objetiva dos fatos. Devido à dramaticidade e aos desdobramentos nacionais e sociais do conflito, ao calarem-se às armas, após o aniquilamento, sem rendição, paraguaio, o conflito se manteve,, até hoje transferido com destaque para a esfera das representações historiográficas, em uma verdadeira guerra que segue sem fim. Daí o título dos dois últimos volumes. Acima de tudo, procuramos focar nosso estudo a partir da perspectiva dos interesses das classes populares e subalternizadas da época da guerra e de hoje, entre as quais não houve e não há oposições e conflitos essenciais. Não se tratou de uma nossa opção epistemológica arbitrária ou ideológica, no sentido trivial do último termo. Acreditamos que ela é a melhor posição para que os historiadores se esforcem a superar visões e interpretações nacionais e, acima de tudo, nacionalistas e patrioteiras, aproximando-se tendencialmente do núcleo essencial e objetivo dos fatos históricos. Acreditamos que as interpretações esdrúxulas -que habitaram e ainda habitam a historiografia de inspiração liberal-aliancista- são mantidas, não devido à consistência dos fatos e dos argumentos que apresentam, mas principalmente devido ao poder das forças político-sociais que as sustentam e não raro as financiam, direta e indiretamente. Ainda mais no Brasil, onde a “Guerra do Paraguai” é praticamente uma questão de Estado e parte da legenda original sobre o destino prometeico nacional da alta oficialidade do exército. De fato, como levar a sério, propostas apologéticas apresentadas como historiografia, como: o resultado positivo da guerra para todas as nações envolvidas; a guerra como iniciativa exclusiva de um Solano López comparado a Adolfo Hitler; um Emiliano O Leary inventor do lopismo positivo para favorecer operação fundiária; a marcialidade do solado paraguaio na guerra defensiva devido ao medo do marechal; a adesão das classes populares do Brasil ao conflito; a Guerra contra o Paraguai como responsável da Abolição, em 1888, etc. Em geral, os autores se sucedem, com maior ou menor sucesso, na defesa dessas teses e propostas excêntricas inspiradas mais comumente em narrativas apologéticas dos ideólogos alianistas do Império e da Argentina Mitrista e, secundariamente, de legionários paraguaios, conforme proposto. Procuramos, acima de tudo, apresentar os argumentos e fatos que dissolvem essas construções fantasmagóricas, sem nos preocuparmos em discutir diretamente com seus atuais defensores, sobretudo por que eles se sucedem, passando de mão em forma incessante o mesmo bordão historiográfico fajuto. *** Fomos sempre recebidos com atenção singular nos arquivos e bibliotecas da Argentina, do Uruguai e, principalmente, do Paraguai, com enorme ênfase para a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional de Asunción, em que a facilitação da consulta e a simpatia e atenção dos responsáveis são singulares. No desenvolvimento da presente investigação, tivemos o privilégio de conhecer e conviver com pesquisadores, acadêmicos e interessados na história da bacia do Rio da Prata, em geral, e da Grande Guerra [1865-1870], em especial. Somos gratos a todos. Agradecemos aos colegas e amigos argentinosDiego Buffa, Maria José Bezerra, Javier Trímboli, Leon Pomer e Julia Rosemberg; aos paraguaios Alejandro Gatti, Augusto Ocampos Caballero, Bernardo Coronel, Cayetano Quattrocchi, Carlos Federico Pérez Cáceres, Fabián Chamorro, Filita Filomena Bejarano, Francisco Alcaraz Sosa, Juan Marcelo Cuenca, Marcos Maíz, Ricardo Pavetti, Roberto Paredes, Vicente Arrúa Ávalos, Viviana Paglung de Watzlawik. Agradeço também aos inúmeros companheiros brasileiros dessa aventura, na pessoa de meus alunos e ex-alunos, companheiros na investigação da guerra e da história paraguaia: Alexandre Borella Monteiro, Eduardo Nakayama, Eduardo Palermo, Fabiano Barcellos Teixeira, Mateus Couto, Orlando de Miranda Filho, Silvânia de Queiróz, Wagner Cardoso Jardim. Registro minha dívida com os historiadores militares argentinos Sergio Sánchez, Hector Prech e Diego Gonzalo Cejas, que elucidaram gentilmente aspectos técnicos dos combates de 1864-70. Um agradecimento especial à querida amiga e coordenadora do PPGH da UPF, historiadora Ana Luiza Setti Reckziegel que sempre se desdobrou para apoiar à minha iniciativa. O historiador paraguaio Jorge Coronel foi companheiro e guia na descoberta dos arquivos, bibliotecas, centros de documentação, locais de combates e, certamente, bares e restaurantes paraguaios. Como sempre, a linguista Florence Carboni, companheira de uma vida e de idéias e sonhos, leu, revisou e criticou os originais desse trabalho, como também o fez com todos os meus outros trabalhos. Registro que todo o trabalho, nos dez anos de investigação intensiva - viagens, livros, encontros, etc. -, jamais recebeu qualquer apoio oficial dos órgãos financiadores estaduais e federais. Ao igual que praticamente toda a minha produção historiográfica nos últimos quarenta anos, publicada, em geral em livros, no Brasil, França, Itália, Bélgica, Paraguai. Sofri sempre a estranha enfermidade que atinge comumente no Brasil os historiadores marxistas de esquerda, sobretudo quando não trabalham em universidades públicas federais.



A Retirada Da Laguna E A Guerra Da Tr Plice Alian A Contra O Paraguai


A Retirada Da Laguna E A Guerra Da Tr Plice Alian A Contra O Paraguai
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Author : Paulo Marcos Esselin E Carlos Martins Júnior (organizadores)
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2019-01-16

A Retirada Da Laguna E A Guerra Da Tr Plice Alian A Contra O Paraguai written by Paulo Marcos Esselin E Carlos Martins Júnior (organizadores) and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2019-01-16 with Education categories.


A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai iniciou-se em 1864, pela invasão das tropas do Império brasileiro a República do Uruguai e foi o mais trágico, o maior e o mais longo acontecimento que marcou o processo de consolidação dos Estados Nacionais da Bacia Platina, no século XIX. Ainda no final do mesmo ano, Mato Grosso foi invadido por tropas paraguaias. A invasão de Mato Grosso pelo exército paraguaio causou profunda indignação às autoridades do Brasil, embora tenha sido uma represália a invasão do território uruguaio por tropas brasileiras, o ato foi condenado e encarado como traiçoeiro pelas autoridades do Brasil Para retomar a Província invadida, o Ministro da Guerra do Império, Henrique Beaurepaire Rohan, passou a organizar uma Força Expedicionária com o propósito de “divertir” (manobra estratégica utilizada na guerra para iludir o inimigo quanto ao real propósito do atacante ou para forçar a divisão das forças) os paraguaios que se encontravam na posse de todo o território. A Força chegou em Coxim, no Pantanal Sul de Mato Grosso, em 18 de dezembro de 1865, havendo percorrido mais de dois mil quilômetros, quase um ano após da invasão do Paraguai. A Força Expedicionária que partiu de Uberaba com o propósito de libertar Mato Grosso, fato que, posteriormente, foi imortalizado no livro “A Retirada da Laguna” pelo Visconde de Taunay, sofreu todas as privações devido à ausência de suprimentos. Aquele era um ano de grande cheia e de muitas chuvas; as águas ultrapassavam os seis metros, ocasiões em que os rios Paraguai, Taquari, Miranda, Aquidauana, e os seus inúmeros afluentes, extravasavam seus leitos e formavam uma densa rede de lagoas interligadas por cursos de água duradouros. Somente os terrenos mais altos, localmente chamados de cordilheiras, e poucas ilhas escapavam a inundação. A província, pouco habitada por não índios, não tinha condições de fornecer alimentos de que a tropa precisava, distante de qualquer ponto de apoio logístico que permitisse a condução de suprimentos e de tropas. A fome não demorou a invadir os acampamentos e, por onde passavam, os soldados do Impérios e deparavam com sítios saqueados e destruídos pelos invasores paraguaios. A enorme distância de Mato Grosso a qualquer ponto que servisse de apoio logístico à condução de recursos e tropas não mereceu atenção do comando das operações instalado no Rio de Janeiro, que sequer repôs a cavalhada perdida por doenças. Ficava assim o combatente nacional obrigado a enfrentar a cavalaria paraguaia apenas com a infantaria. As tropas enviadas a Mato Grosso foram tratadas com extrema negligência, os soldados não se preocupavam com os exércitos inimigos e sim em garantir a suas sobrevivências nos campos de batalha, onde tudo faltava, inclusive a alimentação. Além da falta de alimentos, eram obrigados a beber água de rios e de córregos nem sempre potável, a falta de saneamento dos acampamentos, a assistência médica inadequada, o número reduzido de médicos, os medicamentos insuficientes, somados à insalubridade do Pantanal, contribuíram para a disseminação de doenças que levaram à morte parte considerável da coluna, antes mesmo que ela pudesse entrar em combate. A Força Expedicionária de Mato Grosso, antes mesmo de encontrar um único paraguaio, havia perdido mais de um terço da tropa em decorrência das diversas doenças que apareceram durante a transposição do Pantanal. As perdas dos soldados foram compensadas com o alistamento de grandes quantidades de nativos pertencentes às etnias Terena e Kadueoque, além de lutarem ao lado das tropas do exército Imperial, forneceram diversos gêneros alimentícios que contribuíram para minorar as dificuldades das tropas. Em 21 de Abril de 1867, depois de dois anos e quatro meses que o exército paraguaio havia invadido Mato Grosso, o comandante militar das tropas brasileiras resolveu pelo ataque aos inimigos que estavam estabelecidos em Bela Vista. Em 14 de março, com um contingente extremamente reduzido, mas sem grandes dificuldades e resistência, o exército brasileiro cruzou o Rio Apa, ocupando no dia 21 a Fazenda Machorra e, em 6 de maio, tomando o acampamento paraguaio de Laguna. O sucesso do ataque logo se desfez; muito rapidamente o comandante da operação, percebendo que os estoques de víveres haviam sido reduzido a níveis alarmantes e seria insustentável manter a força naquele local, decidiu retroceder. Menos de trinta dias depois, oito de maio, teve início a epopeia da Retirada da Laguna, sob a constante intervenção da infantaria e cavalaria paraguaias que, percebendo o movimento de recuo dos invasores de sua República e, conhecedores da rota que iriam trilhar e os acidentes do terreno com suas coberturas naturais, adiantaram-se e passaram a emboscá-los. As tropas brasileiras, no seu retraimento, a partir do dia 18 passaram a enfrentar chuvas torrenciais, a fome e o cólera morbus, doença altamente contagiosa, o que tornou a retirada ainda mais difícil e levou boa parte deles à morte. No dia 11 de junho, as tropas chegaram ao Porto Canuto, às margens do Rio Aquidauana, onde se encerrou a participação daqueles soldados nos combates em Mato Grosso. Aqui em Mato Grosso do Sul, nas cidades de Anastácio e Aquidauana, região onde chegou dizimada a célebre Coluna Expedicionária imortalizada por Taunay, no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, desde 2015 vêm sendo organizados eventos de dimensões crescentes que se estenderão até 2020, para se lembrar do transcurso da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, incentivando o surgimento de novas pesquisas. Assim é que, recebemos nesses quatro últimos anos, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento dos quatro países que participaram da citada Guerra. Acreditamos que,com isso, estamos possibilitando a construção de um espaço crítico em que os mesmos possam apresentar os seus estudos sobre a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai como também sobre a formação e consolidação dos Estados Nacionais da Bacia Platina. As pesquisas científicas sobre a Retirada da Laguna e da Guerra são poucas e extremamente limitadas; além disso, a produção de trabalhos nos três outros países que participaram do conflito, com raras exceções, são pouco conhecidas no Brasil. Já se passaram mais de cento e cinquenta anos desde o início do conflito e apesar dos estudos dedicados ao tema ainda existem muitos episódios obscuros e muitas controvérsias entre os historiadores da América Platina que, cotidianamente,trabalham com esse assunto. Sequer há consenso a respeito das múltiplas questões determinantes sobre aqueles sucessos. Muitos documentos referentes ao período continuam fechados à consulta pública; o governo brasileiro deliberou, em 2004, manter em sigilo eterno os arquivos da Guerra devido a repercussões negativas que poderiam causar entre os paraguaios. Muitos documentos encontrados pelas tropas brasileiras no Paraguai foram saqueados, outros possivelmente destruídos e muitos incorporados aos arquivos brasileiros como troféus de guerra. Em Mato Grosso do Sul, poucas são as lembranças da Guerra; os monumentos são reduzidos, muitas vezes sem qualquer placa que os possa identificar; não existe um único museu que esteja à altura do registro dos cinco anos de combate e com milhares de vidas perdidas; não existe um espaço para promover a preservação da memória, da história, da educação do povo, da sua cultura; um espaço que pudesse disseminar informações culturais. Uma instituição, enfim, que estimule o turismo de guerra e que possa contribuir com o desenvolvimento econômico de toda uma região. Muitos troféus de guerra estão espalhados por museus do Rio de Janeiro ou nas mãos de particulares sem que recebam os cuidados adequados para a sua manutenção. Nem nos livros didáticos,a Retirada da Laguna é lembrada; poucos são aqueles que se recordam que um dos episódios mais importantes da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai se passou em nosso território. A obra que aqui apresentamos é uma coletânea de artigos de pesquisadores de diversas instituições públicas e privadas do Brasil e do Paraguai,que reflete as diversas visões que esses profissionais têm da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, a Retirada da Laguna e a formação dos Estados Nacionais na Bacia Platina. Prof. Dr Mario Maestri Filho Prof. Dr Paulo Marcos Esselin



Who S Who In Latin America Brazil Bolivia Chile And Peru Argentina Paraguay And Uruquay


Who S Who In Latin America Brazil Bolivia Chile And Peru Argentina Paraguay And Uruquay
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Author : Ronald Hilton
language : en
Publisher:
Release Date : 1971

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Paraguai A Rep Blica Camponesa 1810 1865


Paraguai A Rep Blica Camponesa 1810 1865
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Author : Mário Maestri
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2014-11-11

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O processo de grandes transformações que agitou toda a bacia do rio da Prata em meados do século 19 e que teve seu ponto de inflexão na Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) deve ser analisado, para a sua real compreensão, no contexto de um conjunto de determinantes históricas, entre as quais está a consolidação da nação paraguaia. Com rigor, produto de profundo conhecimento do tema, mas através de um relato ameno e agradável, o historiador Mário Maestri nos apresenta no presente estudo - Paraguai: a república camponesa: 1810-1860 - latifundiários, caudilhos, escravos, comerciantes, a exploração indígena, membros da igreja, a ditadura francista, e, fundamentalmente, o camponês paraguaio. Esta interpretação histórica sem maquiagem, que assume posicionamento ideológico segundo a luz das novas investigações e publicações, necessariamente desemboca na re-interpretação deste dinâmico e emocionante período histórico paraguaio. Paraguai: a república camponesa: 1810-1860 é um livro compreensível, apaixonante, renovador, que com certeza se converterá em uma referência bibliográfica. Ele nos introduz entre duas datas históricas chaves: 1810 (o processo da independência) e 1864 (o início da guerra), adentrando-se na trama do poder, da economia, da burguesia, das relações internacionais, do isolamento e, sobretudo, da formação social do Paraguai e de sua peculiaridade. A inegável instrumentalização da história, sobretudo pelas forças do liberalismo triunfante até fins do século 19, seguida pelo nacionalismo de inícios do século 20, faz com que esse livro assuma um papel chave, graças a vasta documentação citada, para apresentar algumas verdades, como mentiras, e vice-versa. Nesse processo, resgatando o princípio de que a história é mestra da vida, Paraguai: a república camponesa: 1810-1860 torna-se leitura inarredável para o entendimento do passado e do presente do Paraguai e da região. Jorge Coronel Prosman Asunción, Paraguai, 22 de outubro de 2014 .



Guerra Grande


Guerra Grande
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Author : Paulo Marcos Esselin
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2017-10-02

Guerra Grande written by Paulo Marcos Esselin and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2017-10-02 with Education categories.


150 anos da Guerra da Tríplice Aliança - Mato Grosso do Sul, presente! A terrível guerra da Tríplice Aliança contra a República do Paraguai iniciou-se, em 1864, pela invasão, sem declaração de guerra, pelos exércitos do Império do Brasil, da quase desarmada República Oriental do Uruguai, com o apoio da Argentina liberal-unitária. Cinco anos mais tarde, ela encerrou-se com a morte do presidente-marechal Francisco Solano López, em 1º de março de 1870, nos sertões de Cerro Corá, próximos à fronteira brasileira. Em 2014, completaram-se os 150 anos do início da guerra. No Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil, organizaram-se e se organizam eventos, que se encerrarão em 2020, para rememorar esse transcurso. Até agora, eles não corresponderam à importância daqueles sucessos e à necessidade de uma sua mais precisa avaliação. Não se propôs ainda um grande congresso histórico internacional sobre a guerra fratricida. O Mato Grosso do Sul dissociou-se desse silêncio relativo. Em 2015, 2016 e 2017, liderados pelo dr. Paulo Marcos Esselin, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, realizaram-se eventos de dimensões crescentes no Campus de Aquidauana, ali onde chegou dizimada a célebre Coluna Expedicionária, imortalizada por Taunay. Outras celebrações foram realizadas no Estado. Paulo Marcos Esselin e Carlos Martins Junior propõem no presente livro as conferências e comunicações selecionadas do Congresso Internacional “História Regional: Pensando a Guerra do Paraguai e o Processo de Consolidação dos Estados Nacionais da Bacia do Rio da Prata”, de 2016. Nele, autores do Paraguai, Argentina, Uruguai, Mato Grosso do Sul e de outros estados apresentam diversas e ricas visões interpretativas sobre o tema. A obra é valiosa contribuição para a discussão dos sucessos. Mário Maestri - Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo



Contra Todos A Cr Tica Positivista Ortodoxa Guerra Contra O Paraguai 1889 1930


Contra Todos A Cr Tica Positivista Ortodoxa Guerra Contra O Paraguai 1889 1930
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Author : Fabiano Barcellos Teixeira
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2019-07-25

Contra Todos A Cr Tica Positivista Ortodoxa Guerra Contra O Paraguai 1889 1930 written by Fabiano Barcellos Teixeira and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2019-07-25 with Social Science categories.


Durante a Primeira República (1889-1930), seguidores da doutrina positivista formaram um atuante grupo na política brasileira. Desde os anos 1840, ideias do positivismo desenvolvidas pelo francês Augusto Comte – a partir dos anos 1820 – chegavam ao Brasil, ficando mais restrita aos círculos educacionais, como a escola militar e a de engenharia, do Rio de Janeiro. Em 1881, liderados por Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes, fundou-se a Igreja ou Apostolado Positivista do Brasil, no Rio de Janeiro, local de doutrinação e de conversas que resultavam em ações dos discípulos ortodoxos de Comte, na então capital. Os positivistas ortodoxos eram os seguidores da etapa religiosa da doutrina de Comte, que a desenvolveu nos anos 1850. Pretendendo educar e intervir na sociedade civil principalmente através do exemplo, os ortodoxos deixaram um legado. Após o golpe republicano, em 1889, os positivistas consideravam atrasada a sociedade brasileira se comparada à Europa ocidental, industrial e capitalista. Portanto, para a Europa, o positivismo já nascera conservador em uma ordem capitalista e burguesa, e no Brasil tinha caráter progressista, pois a sociedade nacional, então pré-capitalista, fora estruturada em séculos de escravidão e precisaria ser “modernizada”. Influentes nos primeiros meses de governo republicano, os positivistas foram perdendo espaço no governo. No entanto, variados assuntos de reconhecido interesse público, como a separação entre Estado e Igreja, a secularização de cemitérios, o combate a repressão de movimentos grevistas, etc, eram debatidos e defendidos pelos positivistas. Os ortodoxos defenderam políticas como a integração entre povos latinos, com destaque aos povos do Cone Sul. Através de comissões no governo e de publicações sistemáticas, entre as quais se destacavam as circulares – livretos que se detalhava a doutrina e as ações do movimento – os ortodoxos articularam pioneira campanha pela devolução de troféus e pelo cancelamento da dívida de Guerra do Paraguai, em nome do altruísmo entre as nações irmãs e pela reparação dos erros cometidos pelo governo imperial na guerra contra a república do Paraguai. Campanha que também ganhou mais adesões no Brasil e no exterior. Os positivistas ortodoxos atuavam na defesa da plena integração das repúblicas do Prata contra um nacionalismo ufanista marcante principalmente no Brasil que seguia acirrando ódios entre as nações anos após o conflito. Entretanto, suas medidas sofreram resistências por setores sobretudo ligados ao Estado e a parte do exército brasileiro, que os acusavam de antipatriotas. Nas primeiras décadas após a chamada Guerra do Paraguai (1864-1870), conflito que opôs a Argentina liberal mitrista, o império do Brasil e o Uruguai florista contra o Paraguai, desenvolveu-se uma dominante historiografia nacional-ufanista no Brasil sobre as razões do Império, as batalhas vencidas e a atuação dos comandantes imperiais no conflito, uma série de análises que ainda tem forte influência até mesmo na academia. Os positivistas ortodoxos protagonizaram pioneira crítica sistemática ao governo imperial brasileiro e campanha pela devolução de trofeús e pelo perdão da dívida de Guerra do Paraguai cujos nuances são pouco conhecidos e divulgados pela historiografia, praticamente, ainda contra todos.



Rela Oes Brasil Paraguai


Rela Oes Brasil Paraguai
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Author : Francisco Doratioto
language : pt-BR
Publisher:
Release Date : 2012

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Guerra No Papel


Guerra No Papel
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Author : Mario Maestri
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2013-04-30

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Apesar de ter sido livrada sobretudo por tropas das mais diversas províncias do Brasil, com forte destaque para o Rio Grande do Sul, e constituir o mais importante confronto militar lutado pelas forças armadas do Berasil, a chamada guerra do Paraguai sempre ocupou espaço menor na historiografia brasileira. A historiografia daqueles sucessos foi sempre uma espécie de reserva de caça dos militares-historiadores do exército de terra do Brasil, fortemente influenciados pelos interesses imperialistas do Estado brasileiro. Mesmo em sua expressão mais refinada, alcançada pelo general Tasso Fragoso, fundador da História Militar Crítica entre nós, aquela historiografia encontrava-se e encontra-se epistemologicamente impedida de superar as visões nacional-patrióticas sobre os fatos que analisa, devido a seus pressupostos e objetivos nacionais implícitos. O militar-historiador serve-se das artes de Clio para fins exclusivos como o capelão militar prometia as benções de deus apenas para suas tropas. Em um sentido mais lato e essencial, os fatos históricos relativos à guerra do Paraguai foram sempre fenômenos desconhecidos entre nós. Fora raras exceções, jamais tivemos a rica produção revisionista sobre aqueles sucessos que, no Uruguai, na Argentina e no próprio Paraguai, construíram-se a partir sobretudo da leitura que intelectuais federalistas contemporâneos aos fatos realizaram da verdadeira guerra civil e estatal que ensangüentou o sul da América. No Brasil, a única crítica consistente à narrativa nacional-patriótica da guerra e de seus objetivos foi a esboçada, em forma sumária e restrita, pelos positivistas ortodoxos, mais de uma década após o fim do conflito. Nos anos seguintes, sequer foram traduzidas ao português as grandes obras uruguaias, argentinas e paraguaias críticas à visão promovida pelos Estados vitoriosos. Foi singular o autismo da historiografia brasileira sobre aqueles fatos. Apenas em 1979, mais de um século após o fim do conflito magno, o ensaio de divulgação histórica Genocídio americano: história da guerra do Paraguai apresentou no Brasil leitura crítica daquele confronto influenciada pela historiografia revisionista. Em seu trabalho, J. J. Chiavenato abraçou a tese de guerra realizada por encomenda quase direta da Inglaterra, já impugnada largamente em importantes estudos revisionistas platinos. O enorme sucesso de público de Genocídio americano deveu-se parcialmente ao fato de ter sido lançado nos momentos iniciais da abertura lenta, gradual e segura promovida pela ditadura militar brasileira. Sua denúncia do massacre da população paraguaia e dos crimes do exército imperial foi recebida e recolhida como parte da luta pela desconstrução da retórica ditatorial nacionalista anti-popular. No Brasil, nos anos seguintes àquela publicação, sob os ventos da maré conservadora mundial, a negação dos tropeços, hiatos e insuficiências da reportagem jornalística de J.J. Chiavenato resultou essencialmente na modernização-recuperação-restauração das envelhecidas e superadas teses da historiografia nacional-patriótica. Comumente, esses trabalhos restauracionistas conheceram amplo movimento de legitimação científica promovido pela grande mídia, pelas principais editoras, pela própria academia, enquanto os raros estudos nacionais acadêmicos de cunho científico e viés revisionista foram mantidos literalmente no desconhecimento. Devido a essa operação ideológico-cultural, as fraturas nas representações brasileiras nacional-patrióticas sobre o grande conflito de 1864-70 do Prata, produzidas inesperadamente, em 1979, por trabalho de divulgação histórica surgido à margem da produção historiográfica acadêmica, encontram-se hoje soldadas.



Notas Curiosas Da Esp Cie Humana


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Author :
language : pt-BR
Publisher: Editora AGE Ltda
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