[PDF] O Poeta Da Loucura - eBooks Review

O Poeta Da Loucura


O Poeta Da Loucura
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O Poeta Da Loucura


O Poeta Da Loucura
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Author : Diego Magalhães
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2011-03-04

O Poeta Da Loucura written by Diego Magalhães and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2011-03-04 with Poetry categories.


Esta obra é um simbolismo da concepção da alma humana, esta que ora se ver como poeta e outrora se ver como louco, as inércias dos sentimentos e os devaneios do pensamento constituem um ser dual. O homem é muito mais do que sua concepção determina, pois os enigmas que reagem sua existência afloram seja na religião ou na ciência. O medo da vida, da morte o lança em direção do viver e do pensar. Que está obra seja o inicio do fim das amarras metafísicas que esmorecem os homens. Esta obra é para todos cuja essência se desmistifica, cujo desanimo alimenta a sede de viver e que todos infortúnios que revelam uma existência trágica ainda tenha o poder de transformar-se poética.



Porque A Poesia Precisa Da Loucura


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Author : Júlio B.
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2014-12-29

Porque A Poesia Precisa Da Loucura written by Júlio B. and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2014-12-29 with Religion categories.


(...) a palavra é joia singular. É o alimento de cada dia da alma que não se tornou dura nas entranhas da rotina fria. Vivo em delírio à sua procura porque eu preciso da poesia e ela, poesia, da loucura.



Elogio Da Loucura Do Poema


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Author : Luciana Carrero
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2018-01-31

Elogio Da Loucura Do Poema written by Luciana Carrero and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2018-01-31 with Literary Collections categories.


Não tenho a pretensão da verdade, mas da sua busca indiscreta, porque, se fosse discreta, não se prestaria ao meu ofício de escritora. Também não questiono muito. Apesar da agudeza elucidativa que possa conter, eu não indago ao interlocutor, por mais abalizado que este seja. Indago no contexto de mim mesma e com o que tenho, de matéria à minha disposição, para ser usado. Naquilo que a matéria assimilada não responde, entro no assunto, de modo independente. Daí, apenas coloco este estranho parecer metafórico, uma espécie de depoimento insano, e daí nascem poemas, contos, crônicas, ensaios, humor, etc. Muitas vezes estas produções vêm com ares de verdade, pois sou sempre afirmativa. Não poderia ser diferente, porque acredito ser, o que escrevo, a verdade, embora até parcial que consegui estabelecer através dos sentidos e do conhecimento, e que me basta por um tempo. Acho que não tenho espírito de Diógenes com a lanterna procurando o homem (ser humano) e perguntando onde está. Minha verdade me serve, até que encontre melhor juízo, mas este melhor juízo não vou procurar, porque preciso da minha verdade para parâmetro de tudo que faço e isto urge. Não posso transformar meu ofício na meta-procura dele mesmo. Mas a meta salta aos meus olhos e é sobre o que mais escrevo. Não posso ficar à mercê de certa obsolescência da verdade ou de novas descobertas. Se vierem, que sejam orgânica e vegetativamente. Tenho que usar a que me serve até que se esgote. Ser prática. Somar com quem tem “números” para adicionar à contabilidade da cultura e da arte, no sentido positivo. Por isso somo com tudo que vejo, concordando ou não. Seria tola se quisesse dividir ou diminuir através de preconceitos. Se possível, multiplico. Moro numa esfinge e nem mesmo Deus me decifra. O contesto tanto que cortei pedaço de mim para mostrar-lhe a minha insatisfação contra desígnios ditatoriais da sua criação. Outros moram em pirâmides sólidas. Não devo prescindir dos exemplos dos meus confrades para os meus ajustes, uma espécie de uso sutil de apoio técnico terceirizado para o “knowhow” que me falta. Somos todos, os escritores, as naturezas distintas da arte que soem conviver em harmonia meio que reservada, e isto é promissor. Esta convivência advém do respeito humano que nos damos mutuamente, eu e os confrades. Mas jamais me filio a escolas literárias e a teorias absurdas que visam estratificar a arte e comandá-la pelo academicismo. Eu tive a lucidez de não agregar valor cultural junto aos movimentos que encontrei no passado distante. Andei pelo mundo e hoje o reencontro, na tez de antigos companheiros agora inflados deste academicismo. Fiquei, mais, no que pude colher de experiências universais. E não carrego bandeiras. Não assimilei o mesmo sentido da grande maioria. Cada um tem o seu caminho. Tenho muito que aprender e pouco para ensinar. Paradoxalmente, expondo minhas vivências, não diria que absolutamente estou ensinando. Mas, pelo menos, instigo. No momento, estou preparando meu almoço frugal e franciscano, às quatro e vinte e sete da manhã, na vida simples que levo. E sou feliz porque tenho algo em que acreditar na humanidade, ou sejam, a Literatura e confraternidade cósmica, mas nunca poética, e até além de Deus, com o qual me entendo do meu jeito. Porque a confraternidade seria a derrocada da arte que expresso; e a religiosidade também. Assim, escrevo de tudo um pouco e saem textos de bardos e loucos. Esta obra que ora apresento é uma parte do que assimilei do mundo e do que sou, mais ainda do que vejo que é o universo. Neste caso, é criação. Este livro é das verdades que andei catando, mas não acreditem. Tirem suas próprias conclusões, porque de poetas, leitores e loucos, todos temos um pouco. A autora.



O Louco


O Louco
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Author : Antonio Daniel Do Carmo
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2013-04-16

O Louco written by Antonio Daniel Do Carmo and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2013-04-16 with Poetry categories.


O livro contém 11 poemas que dissertam sobre como a força divina age sobre o mais fraco e humilde. Em toda a obra o poeta afirma que por mais que seja atribulada a existência sempre haverá a força maior, Deus. São poemas que remostram a adolescência do poeta e consigo carregam a sua religiosidade. O poeta busca em algumas lendas religiosas, que sua mãe lhe contava (A que o rico foi para o inferno e o pobre foi para o céu), em alguns trechos da bíblia e em seus poetas favoritos da antiguidade: Virgílio e Dante Alighieri a inspiração. São fragmentos de um livreto em estilo de Literatura de Cordel que o poeta lançou recententemente por conta própria, com o mesmo título, porém sem o subtítulo e desfragmentado



Ensaio Sobre A Loucura


Ensaio Sobre A Loucura
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Author : Evan Do Carmo
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2014-04-03

Ensaio Sobre A Loucura written by Evan Do Carmo and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2014-04-03 with Psychology categories.


“A loucura não precisa ser um colapso total. Pode ser também uma abertura. É potencialmente libertação e renovação.” (Ronald Laing) Quando se aventura a falar sobre literatura, a penetrar no imponderável reino das palavras, é inequívoca a necessidade de se ater, de imediato, ao rico ensinamento de Carlos Drummond de Andrade, quando, em sua Procura da Poesia pondera: “Não faças versos sobre acontecimentos, não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. ” Tal lição me vem à mente, de forma cristalizada, no exato momento em que me coloco diante do notebook e passo a ler este Ensaio sobre a Loucura, do jornalista, músico, editor, escritor e poeta Evan do Carmo. Por certo (penso eu) o poeta da Cidade do Ferro compreendia que a literatura tem esta força descomunal de se assumir, textualmente, um diário ré invento. Caminho de indiscutível profundidade. Capaz de nos mostrar, em suas inúmeras facetas, as transmutações rítmicas e gestuais do autor. Portanto, mesmo não tendo a literatura o poder suprassumo de transformar uma realidade, a partir da leitura e da análise textual, ela, no entanto, nos provoca a reflexão e nos convida a entrarmos no fantástico mundo da fantasia, e assim, a partir dos registros fornecidos, temos a capacidade de reavaliarmos nossa própria existência e por meio de nossas construções simbólicas somos conduzidos a outras vivências pelas vozes, sons e imagens que o texto nos traz. Desta forma, a literatura elucida, denuncia, silencia, conduz, alicia, incita, estimula, desperta, atiça, provoca e encoraja, conflui, incide, discute, inquieta, contesta, entranha e estranha. Lançando-nos a uma insuspeita inquietude de ser. Levando-nos ao mais profundo de nós. Aos nossos refolhos de vida em existência de existir. Com isso, reafirma o que Guimarães Rosa, o escritor dos Grandes Sertões & Veredas nos disse: “Literatura é feitiçaria que se faz com o sangue do coração humano. ” Remetendo à epígrafe deste ensaio e conduzido, ainda, pela fala do poeta da pequena Itabira, que sensivelmente nos orienta a penetrarmos “surdamente no reino das palavras”, pois, segundo ele “Lá estão os poemas que esperam ser escritos”, me lanço à leitura deste Ensaio sobre a Loucura procurando chegar mais perto das palavras de Evan do Carmo, tentando elucidar as mil faces secretas que a sua literatura contem. E assim, quiçá, descobrir a chave para o enigma posto logo em sua abertura. Ora, se a literatura é mimese, que imita pela palavra, com bem afirmou Aristóteles, Evan do Carmo, enquanto ser social se insere neste Ensaio sobre a Loucura re_criando um contexto em que situações e sensações se vinculam de forma inequívoca e magistral em um registro de tempo singular. Extraindo significados e significâncias dos menores detalhes. Como se vê pela não nomeação das personagens à importância social as quais se insurgem, mas pelas motivações específicas de suas questões intrínsecas. Evan do Carmo abre o seu Ensaio sobre a Loucura situando o leitor a um lugar_espaço não determinado “um homem pula do alto de um prédio comercial” cuja cena não enseja maiores elucidações “lá embaixo há um grande alvoroço, pessoas correndo para verificar se o homem morto ainda respira”. Pelas poucas descrições, tampouco permite a nós, leitores, deduzirmos a qual cidade o autor se refere, contudo, por pistas deixadas pelo autor concluímos ser uma metrópole “rua larga no centro de uma grande cidade, palco de muitas tragédias como esta“, com o vai-e-vem contínuo de pessoas, carros passando velozmente pelas avenidas, semáforos abrindo e fechando, e, do inesperado, alguns transeuntes são surpreendidos pelo desfecho fatal ocasionado pela morte do jovem anônimo, que, “pelo estado em que se encontram as suas roupas, sujas e esfarrapadas, dá para imaginar que se trata de algum moribundo andarilho, pessoa sem lar, sem amor nem pátria.” Ao pular do alto do edifício comercial, o suicida produz uma comoção social e nos faz compreender, enquanto leitores, que a vida produz os seus próprios trabalhos de partos, em dores e contrações contínuas, sendo o homem mero e ocasional elemento de um silenciar de vozes que nos invade o ser, nos afligindo a alma pela profusão do existir, ou do não-existir-existindo. Nos advindo de uma analogia investigativa e representativa de ser. Em que a vida, em uma enunciação de agônica existência, se põe em incisiva loucura. É assim que Evan do Carmo nos apresenta a sua obra. Um universo prenhe de acontecimentos. Propõe o escritor que, dentre tantos que se avultam a observar o corpo de um suicida anônimo, estirado sem vida ao chão, seja o cão, o único a se alimentar de afeto e renovada preocupação pela estranheza que a morte nos causa “Este cão preferiu uivar, depois silenciosamente se comportou como um ser humano em profunda contrição, mas não podemos negar que a sua melhor e mais atraente proeza seria o riso. ” Atemporalmente, Evan do Carmo nos coloca de encontro a certas estranhezas, a elementos que se desenvolve em meio às nossas questões mais íntimas de ser. Que, no entanto, nos retoma a consciência de sermos ser-no-mundo em essencial distinção de afetação de vida. Seja do cão, seja do suicida ou da família que é atropelada e morta por um comportamento desviante de um jovem irresponsável. Arquétipo sublime de uma inquestionável negação humana de ser. Entretanto, como insta a contemporaneidade líquida, a vida deve “seguir seu curso, e os mortos seu incurso. ” Embora haja loucos que “dizem que morrer é bom, ao passo que outros, talvez mais loucos, digam que a vida tem algum objetivo. ” Contudo, como afirma o autor deste Ensaio sobre a Loucura “a dor alheia é, sobremodo, o prelúdio de nossas próprias dores, sinais naturais de que também trilhamos o mesmo caminho, logo esta memória coletiva, de que a dor é o fim ou a ausência do prazer nos assusta, e, a aparente preocupação altruísta com nosso próximo nos permite esquecer ou mesmo dividir a nossa dívida, a culpa de uma consciência agonizante. ” Com isso, “quem discordar deste argumento é louco também, apenas por discordar. ” Sabe-se que em todas as sociedades há loucos. Há pessoas que se distanciaram de suas inteirezas de ser. Que perdem o controle de suas emoções, causando estranheza a outrem. Assim, a cada elipse histórica este fenômeno é tratado de modo distinto, em uma horizontalidade cultural, política e social diferente. A cada grupo uma postura uma linguagem, um convívio, um cuidado, um acolhimento ou distanciamento singular. O que desperta descobertas ou provoca aprisionamento. Neste livro, Evan do Carmo nos aponta inúmeras percepções acerca da loucura e do coexistir humano. Seja pela representação do arrependimento, ódio, vazio ou angústia. Seja pela experimentação do abandono, da dor e da morte. Pois, como afirma o autor, “a soma de todas estas carências” nos conduz, indubitavelmente “a um abismo de insignificância e inutilidade social. ” Entretanto, reafirma o autor que “não devemos esquecer que é na loucura que reside a sinceridade da alma. ” Nestes ricos meandros é que Evan do Carmo nos apresenta o seu Ensaio sobre a Loucura, argumentando e refutando o próprio existir humano. Expondo a pratos fundos a perversão e a insanidade, que, desejável ou indesejavelmente nos acerca o viver. Emergindo dos nossos pântanos psíquicos em vicissitudes ou atrocidades. Submetendo-nos a uma leitura cuidadosa, pois tal qual “Kafka, o criador do absurdo e de histórias inacabadas”, Evan do Carmo discorre que “abismos serão abertos sobre as vistas e mentes dos leitores, ficará a critério, decidir se os explorarão ou não. ” Portanto, já que “com louco não se discute, a menos é claro, se formos mais louco do que ele” e não me considerando tanto, embora muitos apontem para isso, me deito sobre este Ensaio sobre a Loucura com o afã de Dom Quixote diante dos imemoráveis moinhos de vento. Embora saiba que “Conviver com as diferenças é algo infinitamente complicado, mesmo se todos fossem literalmente loucos, como já constatamos, de maneira um tanto poética neste ensaio, as espécies de sanidades seriam distintas. ” Com isso, ainda que seja o homem um ser livre, cuja vontade pode moldar o mundo e ditar o ritmo e o rumo de sua própria história, como afirma Sartre, diante dos eventos trágicos enunciados por Evan do Carmo, neste Ensaio sobre a Loucura, somos fadados a crer que sendo “a vida difícil as pessoas são totalmente vulneráveis ao crivo das suas próprias necessidades de autoconhecimento”, assim “chamamos de loucura as reviravoltas que alguns resolvem dar em suas vidas, mas o que há de verdadeiro no ser humano é um desejo insano de se conhecer, de testar seus limites.” Desta forma, Evan do Carmo nos coloca diante de vários extremos a que pode chegar o homem quando tudo parece ruir sob os seus pés. Seja como fez a prostituta, após a morte de seu amante cozinheiro, buscando amor, afeto e carinho nos braços do delegado, cujo efetivo policial foi responsável por um ato de estupro a que a própria prostituta foi vítima, ato este que desencadeou todo o enredo do livro. Seja como fez o jovem atropelador, que ao jogar o carro contra a família indefesa, matando a todos no mesmo instante, por consequente, veio ele também a óbito. O que desencadeou todo um leque de acontecimentos no meio de sua família, refletindo indiretamente a outros fatos da trama do livro. Como fez a mãe do jovem atropelador, que ao sentir no peito o furor do vazio ao ver o seu filho sem vida se isolou profunda e distante a qualquer evento de vida, passando a não-existir socialmente, convivendo em um enlace perpétuo com a loucura. Ou como fez a jovem médica, que após o sumiço do seu mestre e amante resolveu oficializar o matrimônio com o seu noivo, sócio do pai do jovem atropelador, cujo delegado, hipoteticamente seria o responsável pelo inquérito instaurado. Extremos que se ligam e se desfazem naturalmente, como fez o pai do jovem atropelador, após presenciar a morte de seu filho ressignificar sua vida a propósitos beneficentes, à caridade humana, se desligando a todos os outros compromissos sociais. Ou o médico, que ao ser sequestrado vivenciou as durezas do cárcere, passando por situações humilhantes e degradantes e ao ser liberto reatou o seu matrimônio, cujo afeto pela esposa parecia ter cessado. Ou mesmo o próprio suicida, que após ser agredido e sua amada prostituta ser estuprada pelos policiais resolveu dá cabo de sua existência de vida. A todos fica uma lição: É necessário seguir em frente. É assim que Evan do Carmo nos apresenta este seu Ensaio sobre a Loucura, um emaranhado de fios em um flagrante desequilíbrio de vida. Colocando cada personagem como protagonista de uma busca constante por uma emulação de existir. Pois “há sempre um pouco de razão e beleza na loucura, e, em se tratando de literatura todo excesso para atingir picos de beleza no texto, sendo coerente e relevante ao contexto, qualquer extravagância será válida. ” Em se falando de Evan do Carmo, a sua extravagância literária é propositalmente colocada diante dos nossos olhos, como oferenda, oferta, sacrifício sobre um altar. E já que “Ninguém é totalmente sozinho nesta vida, não se vem ao mundo por meio de chocadeira”, tomo em minhas mãos este Ensaio sobre a Loucura e percebo a cada desenrolar de cena, a cada fluir de palavra, no transbordar da minha vasilha/vida, o que Pessoa enumerou por “esta velha angústia, esta angústia que há séculos trago em mim. ” Ler este Ensaio sobre a Loucura nos faz lembrar de Soren A. Kierkegaard, o qual disse que “arriscar-se é perder o equilíbrio por uns tempos… Mas não se arriscar é perder-se a si mesmo para sempre. ” Assim, arriscando a ir ao encontro com o inusitado, Evan do Carmo costura seu enredo singularmente, traçando paralelos entre as personagens e seus conflitos psíquicos, nos levando para dentro de seu entrecho ficcional, perpassando aos nossos olhos cada desfecho como se verdade fosse, nos revelando assim, seu universo de escritor de primeira grandeza. Neste Ensaio sobre a Loucura, que nos traz um enredo ricamente costurado (se intencional não sabemos) pelas vestes da psicologia, um detalhe salta aos olhos. A não nomeação das personagens pelo autor. Artifício este observado também por José Saramago, em seu Ensaio Sobre a Cegueira, em que o autor utiliza este estratagema para conduzir sua história por meio de metáforas e aforismo assistemático, dando assim peso, sentido e significância a própria palavra. Igualmente, Evan do Carmo apresenta em sua estrutura narrativa um ser-no-mundo em um completo atolamento ontológico, nos permitindo uma identificação atemporal com cada personagem. E assim, na condição de leitores, apreendermos destas personagens suas perplexidades de mundo e de ser. Mesmo sem percebê-las em suas características físicas e aparências fisionômicas. O que não se configura qualquer barreira para apreciarmos esta obra magistral. Aguçando-nos ainda mais o nosso desejo pela leitura. Este Ensaio sobre a Loucura nos suscita algumas observações bem peculiares, o que pode servir como chave para a descoberta do enigma proposto pelo autor, ou hipótese para novas conjecturas literárias: Se a ação dos policiais contra a prostituta a separou do suicida, e este, se lamentando pelo bem deixado (prostituta) não conseguiu seguir em frente em sua existência de vida, vindo a dar cabo dela, houvesse o jovem resignificado interiormente a dor da falta, quais seriam os fenômenos propostos no enredo pelo autor? A mãe do jovem atropelador não suportou a morte do filho, olhou para trás, sentiu a dor furar o seu peito e se isolou socialmente em um autoexílio, buscando na loucura sua cura para a dor. Tivesse ela se colocado no lugar dos parentes da família atropelada produziria tal efeito em sua vida? A prostituta e a jovem médica ressignificaram os fenômenos ocorridos e seguiram em frente, a prostituta colocando a procura pela mãe do suicida como forma de alento e o amor pelo delegado como recompensa, a jovem médica pautando o casório como estruturação para um futuro promissor. Não tivesse ocorrido o estupro, o suicídio e o sequestro que representações sociais teria dado o autor a cada personagem? Diante disto, a leitura deste Ensaio sobre a Loucura nos acerca de algumas causas peremptórias que causaria efeitos imponderáveis ao enredo: Quem seriam os sequestradores e quais as motivações? Pela demonstração fria e distante da jovem medica, seria ela autora intelectual do crime? Teria a mulher do médico se cansado das traições e arquitetado o sequestro, como forma de punição? Teria a mãe do jovem atropelador restaurado sua sanidade por meio da pintura? A jovem médica teria voltado a se encontrar com o médico (embora este tenha reatado o compromisso matrimonial)? A prostituta, em seus enlaces amorosos com o delegado, teria descoberto que o caso do suicida dito pelo delegado seria o seu amante cozinheiro, que ficou louco devido a ação de policiais? Seria estes policias subordinados ao delegado amante da prostituta? A prostituta teria casado com o delegado? Teria o narrador se auto inserido ao enredo na personagem do jornalista investigativo? Com estas ilações em mente, conclui-se que este Ensaio sobre a Loucura mostrou (e bem) a que veio. Suscitou em nós, seus leitores, linguagens ontologicamente distintas e tão acessíveis umas às outras, provocando inquietude em nossas almas. Abrindo caminhos para novos entendimentos e questionamentos acerca do inefável existir humano. OXORONGA, Alufa-Licuta Psicólogo e poeta.



Poesias De Um Louco


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Author : Clóvis Oliveira Cardoso
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2012-03-02

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Nesse belo trabalho poético, Clóvis Oliveira Cardoso se afasta de qualquer vaidade para mostrar apenas que é mais um amante da poesia. Louco? Nada disso, exatamente por gostar de escrever poesia ele não se considera louco e afirma que a poesia é a melhor terapia para quelaquer tipo de doença inclusive as doenças ligadas ao amor, como frustração, depressão e outros variados tipos de síndromes que possam envolver aqueles que amam e como ele mesmo diz, sem o amor o mundo vai de mal a pior. O poeta mostra em cada poesia que amar ainda é possivel apesar de tanta gente pregar e usar a violência. Enquanto existir poesia existirá o espírito imortal do amor.



Hist Rias De Loucura Normal


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Author : Charles Bukowski
language : pt-BR
Publisher: ALFAGUARA
Release Date : 2014-05-05

Hist Rias De Loucura Normal written by Charles Bukowski and has been published by ALFAGUARA this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2014-05-05 with Fiction categories.


Com Bukowski, não há meio-termo: ou se ama ou se odeia. Estas histórias, inspiradas na sua própria vida, são tão selvagens e inusitadas quanto as intrigas dos seus romances. Bukowski foi uma lenda no seu tempo. Louco, recluso, amante. Afável e mesquinho. Lúcido e insano. Sempre inesperado. Estas histórias excepcionais vêm directas do âmago de uma vida, a que viveu, marcada pela violência e pela depravação. Histórias de liberdade, tão profanas quanto sagradas. Da prostituição à música clássica, Bukowski faz, nestas Histórias de loucura normal, um retrato irado, apesar de terno, bem-humorado e inquietante, da vida marginal de Los Angeles, uma realidade obscura e perigosa que emoldurou a vida de um dos maiores autores de culto do século xx. Histórias, afinal, da loucura que espreita dentro de cada um de nós, que faz do corpo uma marioneta e que não desaparece senão com a morte. Os elogios da crítica: «Numa época de conformidade, Bukowski escreveu sobre aqueles que ninguém quer ser: os feios, egoístas, solitários e loucos.» - The Observer «Há uma aspereza muito real nas personagens dos romances de Bukowski.» - The New York Times Review of Books «Um laureado da vida marginal americana.» - Time «Um agitador profissional, representante da marginalidade de Los Angeles... Com uma insistência louca e romântica, Bukowski escreve que os falhados são menos falsos que os vencedores. E fá-lo com uma intensa compaixão pelas almas perdidas.» - Newsweek «Nas suas respectivas gerações, Wordsworth, Whitman, William Carlos Williams e os Beats aproximaram a poesia de uma linguagem mais natural. Bukowski foi ainda mais longe.» - Los Angeles Times Book Review



Poema Podre


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Author : Fernando Pellisoli
language : pt-BR
Publisher: Grupo Editorial Atlântico
Release Date : 2024-02-06

Poema Podre written by Fernando Pellisoli and has been published by Grupo Editorial Atlântico this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2024-02-06 with Poetry categories.


O que levou Fernando Pellisoli a inspirar-se em Ferreira Gullar para escrever seu longo poema? Um desafio? A despreocupação com o julgamento do leitor? Pellisoli, com esta sua mais recente publicação, "apodrece" o que em Gullar é "sujo"? Avaliemos: "[...] este poema podre imitando Ferreira Gullar/ é filho da mãe ou/ da puta,/ que posou à beira da cama do meu lar." "[...] tenho medo/ de perder o meu rumo/ e morrer louco sem nenhuma amplitude,/ pois nem mais maconha eu consumo." A constância rítmica é abusadamente ousada. Ou, apenas para impactar, rima poliglota com xoxota – julgue o leitor. De outra parte, encontramos uma vasta poeticidade, magia da palavra e uma inspiração que emocionam e consternam, pois, um dos motivos, é claro, o encanto pelo poeta de São Luís do Maranhão: "Gigante pela própria natureza este poema homenageia Ferreira Gullar com tanta graça e tanta beleza, no céu infinito, no oceano e no mar, eu vou viver, eu vou cantar..."Ah cantar, isso o poeta pode e deve! Doente o poeta, a poesia? Doente a sociedade, que provoca desvarios no ser humano em geral, versejador ou não. Por que o poema é sujo ou é podre? E acaso o poema do Gullar fosse limpo? E se o de Pellisoli fosse sadio – teríamos Poesia? Não! Não há poesia no verso previsível, na banalidade, na sanidade. Ave, louca Poesia! Ave, louco poeta! E estamos justos e acertados, no partidor, mas para a leitura deste ótimo livro de Fernando Pellisoli. ROSSYR BERNYEscritor, editor, acadêmico, jornalista



Poesias Poemas Sonetos E Can Es De Um Pseudopoeta Louco


Poesias Poemas Sonetos E Can Es De Um Pseudopoeta Louco
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Author : Diogenes Rafael De Camargo (rafael Rosa)
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2014-11-26

Poesias Poemas Sonetos E Can Es De Um Pseudopoeta Louco written by Diogenes Rafael De Camargo (rafael Rosa) and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2014-11-26 with Art categories.


Mais que falar de AMOR ou sobre revolução baseada na “involução” e no retorno à essência humana... Mais que apenas um relato autobiográfico em forma de poesia, trata-se, este livro, de um ensaio sobre o homem e a natureza, versado em poesias, poemas, canções e sonetos. Quem o escreve? Um poeta vaisnava ecoanarquista, ou como prefere, simplesmente um pseudopoeta louco. Rafael Rosa, costuma se referir ao próprio estilo literário como “cardiografia” ou “ecografia”, desenhando coisas do coração em forma de letras. Neste livro, há um lúcido* estudo acerca das relações entre o indivíduo e a natureza, o relacionamento entre indivíduo e governo, sentimento e razão e, sobretudo, amores, rancores e ternuras... Paixões! Arrazoado por meio da mais simples linguagem popular e erudita (uma mistura homogênea): A poesia! * Aqui, o termo “lúcido” (ILUMINADO), não é apresentado como antônimo de loucura. E, portanto, não se trata de sinônimo ou heterônimo de (suposta) “sanidade mental”.



O Poeta Um Fingidor


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Author : Evan Do Carmo - 180 Poetas
language : pt-BR
Publisher: Clube de Autores
Release Date : 2018-06-26

O Poeta Um Fingidor written by Evan Do Carmo - 180 Poetas and has been published by Clube de Autores this book supported file pdf, txt, epub, kindle and other format this book has been release on 2018-06-26 with Religion categories.


FERNANDO PESSOA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO Por Leon Cardoso da Silva O início do século XX foi marcado por grandes transformações sociais, políticas e literárias. Na noite de 3 para 4 de outubro de 1910 diversas forças militares e civis portuguesas se rebelam contra a monarquia. Após muitos combates estas forças saem vitoriosas e dois dias depois proclamam a Primeira República portuguesa. Isso resultou na “construção” ou fortalecimento de um clima de profundo nacionalismo e de rupturas que vinham ocorrendo em Portugal, sobretudo, no século XIX quando parte da população almejava uma mudança de regime político. Assim, Portugal no início do século XX foi marcado por intensas turbulências políticas que impactaram a sociedade e influenciaram diversas manifestações artísticas e literárias. Em 1914 a Europa e o mundo ficaram abalados por causa da deflagração da Primeira Guerra Mundial. Mais precisamente em 4 de agosto, deste mesmo ano, chega a Portugal a notícia da declaração de guerra da Inglaterra à Alemanha devido esta última violar o tratado de 1831 que declarava a Bélgica como território neutro naquela região. Entretanto, Portugal só entra de fato na guerra em 1917 quando no dia 2 de fevereiro suas tropas chegam a Brest, porto da Bretanha, rumo à frente de batalha na Flandres francesa. O modernismo em Portugal teve início em 1915 quando veio a lume uma importante revista que criou um cenário novo e polêmico nas letras portuguesas. Intitulada como Orpheu esta revista – embora de curta duração, pois como se sabe foram produzidas apenas duas edições – tinha como principal objetivo, além de oferecer uma alternativa econômica mais acessível para os leitores, pois, os livros eram praticamente artigos de luxo pela questão do custo financeiro, a revista buscava realizar certas rupturas com temas da tradição literária. Inevitavelmente, com características inovadoras o modernismo português movia-se entre herança e memória, inovação e ruptura. Daí resulta o fato da revista ter sido combatida por alguns intelectuais, uma vez que, numa perspectiva moderna de inovações, apresentava alguns conteúdos incompatíveis com a cultura que vigorava no país conservador. Foi exatamente neste contexto sócio histórico que Portugal viu surgir Fernando Pessoa, o poeta português mais festejado desde Camões e um dos maiores de todos os tempos. No que diz respeito ao aspecto biográfico podemos dizer que Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, em 13 de Julho de 1888. Aos cinco anos de idade ficou órfão de pai e, dois anos depois, viajou para Durban, na África do Sul após sua mãe casar-se pela segunda vez. Este fato é bastante relevante porque ainda na África, em 1901, Fernando Pessoa escreve seu primeiro poema em Inglês, língua a qual lhe rendeu prêmios durante o período em que estudou em colégios de freiras e em Durban High School, recebendo educação inglesa. E essa influência da língua inglesa foi tão intensa que, entre 1902 e 1908, Pessoa compunha seus versos e prosas somente nesta língua – só a partir dos 20 anos de idade é que passou a escrever em sua língua materna. Em 1915, liderou um grupo de jovens escritores – Mário de Sá-Carneiro, Almada-Negreiros, Luís de Montalvor e o escritor brasileiro Ronald de Carvalho – e fundou a revista Orpheu, aqui já mencionada. É bastante interessante observarmos a relevância das revistas para o contexto literário português daquele período porque ficou bastante comum a definição de duas vertentes do modernismo português a partir de duas grandes revistas: a Orpheu e a Presença. À medida que a Orpheu privilegiava as ideias de renovação futurista e de liberdade de expressão e criação literária, a Presença posteriormente buscou aprofundar estas perspectivas, mas com grande influência da psicanálise freudiana ao difundir a valorização de aspectos psicológicos, intuitivos e de criatividade individual. Com outro olhar, podemos entender que estas revistas eram vitrines, pois o público leitor além de ter mais facilidade de acesso econômico a outro meio de divulgação literário, serviram também para a divulgação de textos e manifestações artísticas diversas, fato este que fortaleceu e difundiu muitos movimentos de vanguarda. Na Orpheu, por exemplo, Pessoa publicou os poemas “Ode Triunfal” e “Opiário”, ambos assinados por seu heterônimo Álvaro de Campos, e escandalizaram a sociedade conservadora. Isso fez com que reações críticas violentas apontassem os autores desta revista como “loucos” e “insanos”. Entretanto, isso não foi uma exclusividade de Portugal, pois em outros países as mesmas rupturas que outros escritores modernos propuseram também foram recebidas com reações semelhantes. Posto isso, já não é difícil de compreendermos como ocorreu a influência entre Fernando Pessoa e seu contexto histórico. Assim como outros escritores, Pessoa foi influenciado por inúmeros aspectos contextuais e universais, tendo este último como conhecimento literário e desenvolvimento criativo individual do próprio autor ou do próprio fazer criativo que é característico de cada escritor ou obra específica com a prerrogativa de estarem dentro de um contexto histórico-literário. Não podemos esquecer que a Orpheu veio a lume em 1915, portanto, em meio a sangrentos conflitos da segunda guerra mundial. Não era de surpreender que justamente nesta revista Pessoa tenha publicado dois poemas de seu heterônimo Álvaro de Campos em sua fase mais pessimista. No poema “Ode triunfal” podemos observar os seguintes versos: (...) Olá anúncios elétricos que vêm e estão e desaparecem! Olá tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem! Eh, cimento armado, beton de cimento, novos processos! Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos! Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos! Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera. Amo-vos carnivoramente. (...) “Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos / Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos”. Diante de uma modernidade que busca avançar para o progresso há um pessimismo dos sujeitos portugueses ante a iminente participação do país nos conflitos armados da guerra. Este paradoxo que sai dos versos de um heterônimo e envolve diretamente o escritor autor em sua própria pessoa, em sua própria visão de mundo confunde-o com sua criação, personagem que o imita ou que é imitado por ele. Já em o “Opiário”: (...) É antes do ópio que a minh alma é doente. Sentir a vida convalesce e estiola E eu vou buscar ao ópio que consola Um Oriente ao oriente do Oriente. (...) “É antes do ópio que a minh alma é doente. / Sentir a vida convalesce e estiola”. Neste poema, o autor propõe uma fuga da realidade. Um tipo de busca por uma realidade artificial que supere o risco e a vacuidade existencial, “Por isso eu tomo ópio. / É um remédio / Sou um convalescente do Momento. / Moro no rés-do-chão do pensamento / E ver passar a Vida faz-me tédio”. Em alguns momentos talvez isto se confunda com o próprio Pessoa, ortônimo. Entre outras características, este poema aborda também um tema bastante específico do contexto social português do início do século XX. “Volto à Europa descontente, e em sortes / De vir a ser um poeta sonambólico. / Eu sou monárquico, mas não católico / E gostava de ser as coisas fortes”. Pessoa foi um crítico da I República. Esta se tornou muito violenta e isso deu margem para o golpe que, realizado em 1926, havia feito duas promessas: a de justamente acabar com a violência na república e dar início a ações para criar uma “nova dignidade constitucional”. Fato este que fez com que nosso poeta apoiasse o golpe, mas este o frustrou por não realizar a segunda promessa. Após esta breve leitura podemos entender que Pessoa não foi autor somente de muitos poemas relevantes – o que já o tornaria grande dentro da literatura e da cultura portuguesa. Foi antes autor de um extenso e coerente projeto literário. Disso surge a sua principal criação literária: seus heterônimos. Cada heterônimo por si próprio representa uma faceta distinta de um mesmo autor. Mas não simplesmente faces diversas, mas faces que se moldam para em conjunto formar um todo coerente e pensado nos seus pormenores. Assim, surgiram os heterônimos: Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, cada um com sua história e estilo próprio. Diante de cada tendência literária específica Pessoa produz assumindo as identidades de seus heterônimos. Com isso, surge a compreensão de que o poeta português foi autor de um imenso e relevante projeto literário coerente. Em vida, Pessoa deixou um livro publicado “Mensagem”. Foi uma obra que ele escreveu como ele mesmo (ortônimo) assumindo em seu nome a autoria dos poemas. Costuma-se classificar este livro a partir de duas perspectivas distintas, mas não antagônicas: a lírica e a saudosista-nacionalista. No que diz respeito à lírica, diversos são os poemas que seguem nesta linha. No poema “Mar português” o poeta escreve: “Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal! / Por te cruzarmos, quantas / mães choraram, / Quantos filhos em vão rezaram! / (...) Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena. / Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor”. (...) O mar representa as conquistas e as vitórias portuguesas embora esta tenha ocorrido em meio ao sofrimento dos navegadores e de suas famílias que ficaram olhando a imensidão do mar, na espera ansiosa do regresso. Bojador era o nome dado a uma região que fica no Marrocos, que nas grandes navegações ficou conhecido como Cabo do Medo devido ao fato de muitas embarcações não conseguirem ultrapassar. Noutra perspectiva, podemos dizer que de acordo com o poema devemos ultrapassar nossos medos e dores para realizarmos nossas conquistas e realizações. Com relação ao aspecto saudosista-nacionalista, não é difícil de compreendermos que seus primórdios conceituais surgem com a própria perspectiva modernista. Embora o modernismo português tenha se voltado para características mais abrangentes da Europa, a própria ideia modernista já é por si de valorização do ideal de nacionalidade. No poema QUINTA / D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL o poeta faz uma homenagem saudosa e nacionalista a D. Sebastião, último rei da dinastia Avis que tinha o sonho de conquistar Jerusalém para o catolicismo. Sabe-se que este rei sumiu após intensas batalhas para conseguir seus objetivos. Após um terço do exército português ser destruído, procurou-se o rei e este não foi encontrado. A este desejo de conquista, Pessoa se questiona: D. Sebastião queria grandeza? Ele seria um “louco” ou um sonhador? À primeira questão, nosso poeta português responderia pela afirmativa, a segunda diria facilmente que D. Sebastião era um sonhador. Se, por exemplo, substituirmos as palavras “louco” no primeiro verso da primeira estrofe por “sonho” ou “sonhador” podemos perceber mais diretamente este aspecto de homenagem e saudosismo. Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há. Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria? Mas a loucura ainda assim aqui é vista de forma positiva pelo poeta. Ora, “sem a loucura” o homem poderia ser classificado como um “cadáver adiado que procria”. Isso divide o poema em duas partes, exatamente como estão postas as estrofes seguidas de versos irregulares com rimas ricas e pobres predominando o ritmo binário com rimas cruzadas e emparelhadas. Na primeira estrofe o sujeito se caracteriza como louco que de tão certo a própria certeza não lhe cabe. Na segunda estrofe, o poeta faz uma espécie de divulgação e valorização da loucura a ponto de afirmar que outros a tomem e deem continuidade aos seus anseios de conquista e de grandeza. Outros poemas se seguem neste mesmo tom apontando para aspectos de valorização da identidade nacional portuguesa. Postumamente os poemas de Pessoa (ortônimo) foram reunidos e publicados em diversas coletâneas. Dentre os que se destacam está um bastante significativo intitulado como “Autopsicografia” onde trata do fazer poético e da verdadeira intenção do poeta. O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente Nesta primeira estrofe, o poeta apresente a ideia fundamental do poema, quando, usando uma metáfora, classifica o poeta como fingidor “O poeta é um fingidor”. Obviamente isso não quer dizer que ele seja um mentiroso “finge tão completamente”, mas que consegue se colocar no lugar do outro “que chega a fingir que é dor” e reproduzir para este os sentimentos que ele capta “a dor que deveras sente”, embora ele, o poeta, não necessariamente esteja sentindo no momento em que produz o poema. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm